Breaking News era algo somente possível para os grandes networks como a SkyNews, CBS, CNN e FoxNews, com a sua enorme equipa de jornalistas, espalhados pelo mundo fora. Mas muito mudou.
Hoje em dia, breaking news pertence às massas, equipadas com o seu smartphone e contas no Facebook e Twitter. Mas esta mudança traz com ela, grandes desafios, um deles, a veracidade da informação. É que a maioria dos sites de noticias online, criaram um modelo de negócios assente em serem os primeiros a darem a noticia. Tudo isto por causa de toda a pressão para conseguirem mais views, muitos mais views. Mas de vez em quando, o sistema falha, com verdadeiras consequências.
Na sexta-feira passada, após a inicial triste noticia de mais um massacre numa escola dos Estados Unidos, a imprensa deslocou-se em massa para o local à procura de reportar os detalhes todos, em tempo real.
Foram muitos aqueles que identificaram, erradamente, a pessoa supostamente responsável por esta tragédia, inclusivo, transmitindo ao mundo a página no Facebook dessa pessoa – o problema foi que erraram na pessoa, e o nome.
Rapidamente, o publico, repleto de raiva pela morte, sem sentido, de 20 crianças e 6 adultos, começou a deixar ameaças de morte no mural do suposto assassino.
A CNN, o Huffington Post e inúmeros outros serviços indicavam a página pessoal de Ryan Lanza, como a do assassino. O nome estava errado e a página também.
Mas não é fácil gerir esta informação toda. Em quanto alguns criticam o que aconteceu, é importante perceber que o verdadeiro assassino, Adam Lanza, levou a identificação do seu irmão, Ryan. O erro não foi disparatado, mas sim uma causa da falta de tempo que todos têm para verificar a veracidade das informações que chegam. Afinal Ryan, até era o irmão de Adam, mas até agora, é dado como inocente.
O publico não ajuda, pois habituado a ter noticias em tempo real, rapidamente muda para outro canal, ou site online, desposto a dar mais noticias, mesmo que sem qualquer validação.
Mas a nossa sede insaciável por mais detalhe não parou com o suposto assassino que independentemente de estar morto, ainda conseguia escrever: “Everyone shut the fuck up it wasn’t me” e Fuck you CNN it wasn’t me”. Para ajudar à confusão, amigos deste Ryan Lanza, cuja fotografia do perfil foi partilhado 20,000 vezes num curto espaço de tempo, receberam telefonemas e ameaças, só por serem amigos do tal Ryan.
Este Ryan não foi o único a encontrar-se no meio de uma confusão perigosa. No twitter, outro Ryan levava com os abusos, em parte depois por ter gozado com a tragédia em Newport. A justificação dele, mais tarde, é que só tinha 20 seguidores – mas a Web muda a uma velocidade alucinante e não esquece o passado. Lady Gaza pedia-lhe para apagar as mensagens antigas, That Nigga congratulava-o no facto que iria ficar Internet Famous e Army of Love demonstrava-lhe a oportunidade de fazer dinheiro, algo só mesmo possível nos Estados Unidos – sue them!
Ryan, do Facebook, acabou por apagar, mesmo que temporariamente, a sua conta no Facebook, mas nem sempre este é o melhor caminho a seguir. Numa crise destas, em que uma pessoa é erradamente identificada por um terrível crime contra crianças, o silêncio poderá bem ser pior e muito perigoso.
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