Continua-se apostar na máxima que o conteúdo é rei mas nem sempre o mesmo se revela verdadeiro caso não se reúne as necessárias condições para que conteúdo de qualidade esteja ao alcance de todos. O valor de conteúdo, seja ele exclusivo e/ou de elevada qualidade reduz quando o mesmo se encontra por trás de barreiras de quem o detêm. A ideia que o utilizador continuará a mudar de plataformas seguindo o conteúdo é simplesmente errada. YouTube continua a gozar a sua liderança em vídeo on-line mesmo com outras empresas a oferecer conteúdo em exclusivo.
Até que essas mesmas empresas se apercebam do decréscimo do valor dos seus assets perante as barreiras criadas para manter o cliente lá, não vão poder usufruir do valor acrescentado que o mesmo podara-lhes trazer. Mais complicado que a noção de controlo é os impedimentos legais atribuídos a conteúdo numa altura em que a Web não era vista como possível meio de distribuição. Qualquer tentativa de assegurar os direitos de todos intervenientes acaba por se revelar ou financeiramente inviável ou em impossível em termos logísticos. Muitos acreditam que a falta de solução para legislar ou litigar o fim desta complexidade de direitos vem da falta em reconhecer que o consumidor controla o conteúdo on-line.
YouTube é de facto um caso à parte pois não só foi construído na base de conteúdo gerado pelo consumidor, mesmo que no seu início tenha alegadamente sido inundado pelos fundadores com conteúdo protegido por direitos de autor, como também permite de forma democrática a criação de canais e comunidades, conseguindo assim que os utilizadores dediquem um elevado tempo ao visionamento de vídeos. Mais nenhuma plataforma tem tido um sucesso análogo mesmo que tenham o tentado replicar.
Levanta assim uma questão perturbadora para quem cria conteúdo – detentores de direitos de autor já não possuem o controlo de como o seu trabalho criativo é utilizado mesmo que ainda existam casos onde se consegui travar a dissipação de conteúdo não autorizado pela internet – mas cada vez é mais difícil, devoradora de tempo bem como de recursos. É uma realidade que não põe em causa nem a minha opinião nem as de outros sobre a importância de proteger os direitos de autor – é sim a aceitação de uma realidade implícita da liberdade advinda da estrutura da Web. Acho sim que se deve encontrar formas mais adequadas de reconhecimento, seja ele financeiro e/ou intelectual, à realidade sendo que em muitos casos passa por uma reavaliação de modelos de negócio.
Com o número elevado de conteúdo gerado pelo consumidor a ser produzido, publicado e exibido diariamente, o mesmo esta a gerar uma nova procura sem comparação à utilização offline – compreendendo a dinâmica do mesmo será essencial antes que embarquem numa estratégia de publicidade num meio volátil e pouco previsível – algumas (poucas) marcas iram-se sentir em casa, grande parte irá fugir a sete pés – nem uma nem outra parecem ser as mais acertadas apostas.
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